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Etarismo: frases e exemplos do preconceito relacionado à idade

O etarismo está presente em toda parte com pequenas atitudes que aparecem camufladas como elogios.
O etarismo é um tipo de preconceito contra grupos etários com base em estereótipos associados à idade.

Segundo definição da OMS (Organização Mundial da Saúde) o etarismo — ou ageísmo — “refere-se aos estereótipos (como pensamos), preconceito (como nos sentimos) e discriminação (como agimos) em relação aos outros ou a nós mesmos, com base na idade”.

A verdade é que exemplos de etarismo estão por toda a parte. E, muitas vezes, eles aparecem camuflados por uma intenção de cuidado ou elogio.

Com isso, quero dizer que nem sempre estamos cientes de nossas falas, atitudes e pensamentos preconceituosos.

Mas sabemos que toda forma de preconceito é uma agressão.

E, se desejamos nos livrar de comportamentos discriminatórios, o primeiro passo é aprender a identificá-los.

Exemplos de etarismo

Veja exemplos de frases que denotam preconceitos sobre o envelhecimento — que você deve riscar de seu vocabulário:

1. Você está ótimo para sua idade!

Ora, mas a frase não significa um elogio? Pense novamente. O que está sendo dito, na realidade?

O intuito pode ser exaltar a aparência, a saúde ou disposição da pessoa. Mas implica num estereótipo, que associa o envelhecimento a expectativas mais baixas, em relação a esses quesitos.

Afinal, para você julgar que alguém está “ótimo para a idade” é porque, em sua concepção, existe uma imagem (negativa) de como pessoas naquela faixa etária se apresentam.

2. Você não aparenta a idade que tem

Obviamente, uma variante da frase anterior. Mas vale listá-la também, para que o conceito de etarismo seja perceptível em suas sutilezas.

Veja que o comentário remete à ideia de que os vestígios do envelhecimento são pouco evidentes. Mas por que isso seria um mérito? Em uma cultura obcecada com o ideal de eterna juventude, é fácil entender o motivo.

O que se insinua é que a pessoa está fazendo “um bom trabalho” ao esconder os sinais do tempo. Como se eles fossem uma espécie de mal, a ser evitado a qualquer custo.

Seguindo essa lógica, que sentido estamos atribuindo ao envelhecimento?

Frases como essa perpetuam a ideia de que “velho é ruim”.

A reflexão que fica é que ninguém deveria ter que sentir que, para ser valorizado, precisa aparentar uma idade diferente daquela que, de fato, tem.

Empresas buscam pessoas mais jovens, descartando pessoas mais velhas.
Empresas colocam limites de idade quando buscam novos funcionários.

3. Você não acha que está velho demais para fazer essas coisas?

Talvez, esse seja o exemplo de etarismo mais perceptível, dentre os que destacamos neste texto.

A frase, em si, está carregada de uma visão preconceituosa, que rotula tanto atividades e experiências de vida quanto a capacidade (e a vontade) das pessoas.

Não existe limite de idade para buscar o prazer de viver, se divertir, fazer coisas novas.

Inclusive, quem deseja cuidar da saúde do cérebro e proteger a memória deve, sempre, dar espaço às quebras na rotina!

4. Esse tipo de roupa não combina com pessoas da sua idade

Outro exemplo típico de etarismo. De onde vem a compreensão de que existem roupas, acessórios ou qualquer item cujo uso é restrito à determinada idade?

O direito de expressar personalidade e estilo não tem prazo de validade.

O único critério para escolher uma roupa é gostar dela.

Só agride a moda (e o bom senso) quem pensa o contrário.

5. Você ainda tem tempo

O maior problema dessa frase é o “ainda”. Ele dá a impressão de que o fim se aproxima — mas é possível aproveitar o (pouco) tempo que resta, antes que a vitalidade acabe.

Logo, é uma expressão etarista, pois presume que, a partir de um certo momento da vida, a pessoa tem suas capacidades reduzidas.

Ou seja, em vez de encorajar, a frase soa como uma sentença alarmista (bastante equivocada).

6. Pode deixar que eu falo por você

Esse é um exemplo de etarismo onde a discriminação está na infantilização do idoso.

A frase pressupõe que a idade atrapalha o discernimento da pessoa, como se ela fosse incapaz de relatar o que sente, faz e necessita.

Cuidadores podem assumir essa postura ao acompanhar um paciente ao médico geriatra, por exemplo. Nessas situações, o acompanhante pode fazer acréscimos e tirar dúvidas, claro. Mas não deve esquecer que seu papel é colaborar — e não substituir a voz de quem está ali para ser ouvido.

Todos precisam ser valorizados independente da idade que tem
Para ser valorizado, ninguém precisa aparentar uma idade diferente daquela que, de fato, tem.

7. Você não vai entender…

Está aí um clichê do preconceito de idade: pressupor que novos aprendizados são inviáveis às pessoas mais velhas.

Esse tipo de frase etarista é especialmente comum quando o assunto é tecnologia.

Ainda que os chamados “nativos digitais” possam parecer mais aptos a se adaptar aos lançamentos — em termos de aplicativos e recursos de smartphones, por exemplo — não há absolutamente nada que impeça os mais velhos de partilharem das mesmas experiências e facilidades.

É uma grosseria demonstrar espanto (ou fazer piadas) ao ver um idoso usando uma nova rede social. É um insulto desestimular uma pessoa que deseja se manter atualizada. É um grande erro considerar que certos conhecimentos são acessíveis, apenas, a um grupo privilegiado.

Enfim, as pessoas mudam, se adaptam, aprendem. E essa verdade se aplica tanto aos outros quanto a você! Portanto, se o etarismo está em sua linguagem, a partir de agora, você pode adotar uma nova perspectiva, deixando de usar palavras que ferem para substituí-las por expressões que reflitam respeito e (genuína) inclusão.

Dra. Priscila Henriques Pisoli
Médica Geriatra | CRM 145368 | RQE 84315

Celular e WhatsApp: (11) 97038-3560
Endereço: Rua Borges Lagoa, 1.070 Conj.53
Vila Clementino, São Paulo, SP

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