Com o aumento da expectativa de vida e as mudanças nos hábitos cotidianos, a incidência de diabetes em idosos tem observado um crescimento preocupante.
Mas, afinal, o que é diabetes?
Em termos simplificados, trata-se de uma disfunção no metabolismo de açúcares no corpo, originada principalmente pela insuficiência ou ineficácia da insulina (um hormônio secretado pelo pâncreas).
O papel da insulina é crucial para o transporte de glicose para as células, onde será convertida em energia.
Falhas nesse mecanismo resultam em acúmulos indesejados de glicose na corrente sanguínea, desencadeando uma série de complicações que podem afetar quase todos os sistemas do organismo.
Possíveis complicações do diabetes na terceira idade
Entre as complicações mais preocupantes do diabetes em idosos destaca-se a neuropatia diabética, que compromete a função nervosa e acarreta perda de sensibilidade nas extremidades (pés e mãos). Tal redução sensorial abre caminho para o surgimento de feridas e infecções que passam despercebidas, culminando em consequências tão graves quanto amputações.
Cardiopatias também são uma realidade alarmante, visto que o diabetes na terceira idade pode acelerar o processo de aterosclerose — uma condição que endurece e estreita as artérias. Esse cenário potencializa a ocorrência de eventos cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
No que concerne à visão, a retinopatia diabética — um comprometimento específico da retina — pode evoluir de maneira silenciosa até resultar em perda visual irreversível, caso não haja um acompanhamento médico rigoroso.
A saúde cognitiva também se vê ameaçada pelo diabetes. Estudos apontam para uma correlação entre elevados níveis de glicose no sangue e o declínio das funções mentais, o que implica em maior risco de demência em idades avançadas.
Além disso, idosos com diabetes são mais suscetíveis a experienciar episódios de hipoglicemia — um estado perigosamente baixo de açúcar no sangue, que pode levar a desmaios e, em casos extremos, ao coma.
Por fim, vale mencionar os impactos dermatológicos. De infecções bacterianas a problemas fúngicos, a integridade da pele pode ser severamente afetada pelo diabetes, tornando-se mais vulnerável a uma variedade de condições cutâneas.
Veja também: Dicas de cuidados com a pele na terceira idade.
Sintomas do diabetes em idosos
O diabetes se manifesta de formas variadas, com alguns indivíduos percebendo sintomas sutis, enquanto outros enfrentam efeitos bem mais pronunciados.
Por isso, é importante realizar exames periódicos e ficar atento aos sinais de alerta — tais como os listados a seguir.
Se notar algum dos sintomas mencionados, não hesite em marcar uma consulta com seu geriatra.
1. Aumento da frequência urinária
Quando o açúcar no sangue está elevado (como frequentemente ocorre em pessoas com diabetes) os rins entram em ação para eliminar o excesso de glicose.
Em idosos, esse processo é ainda mais notório, fazendo com que urinem com mais frequência — inclusive durante a noite.
É como se os rins estivessem trabalhando horas extras para manter o equilíbrio do organismo.
2. Sede excessiva
O ato constante de urinar não apenas esgota o corpo de líquidos essenciais, mas também induz a um ciclo de sede contínua.
Em idosos com diabetes, essa sede pode ser tão intensa que se torna difícil de ignorar.
Tal fenômeno — conhecido como polidipsia — muitas vezes atua como um alarme, sinalizando que há algo de errado com os níveis de glicose no sangue.
3. Fadiga constante
O cansaço excessivo é outro sintoma comum de diabetes na terceira idade, sendo que a sensação de fadiga pode ser acentuada por dois motivos.
Primeiro, quando há muito açúcar no sangue, o corpo tem dificuldade para transformá-lo em energia, deixando a pessoa mais cansada.
Em segundo lugar, é preciso considerar que o diabetes, muitas vezes, leva à desidratação, o que pode piorar ainda mais a sensação de esgotamento físico.
Confira: Importância da hidratação na terceira idade.
4. Aumento do apetite
Normalmente, a comida nos fornece energia, mas no caso do diabetes, esse processo é comprometido. A doença dificulta que o açúcar dos alimentos chegue às células que precisam dele para funcionar.
Então, mesmo após uma refeição, o idoso com diabetes pode continuar sentindo fome, pois seu corpo não conseguiu obter a energia necessária.
5. Cicatrização lenta
Um sintoma a se observar em casos de diabetes na terceira idade é a cicatrização lenta de cortes, arranhões, feridas e hematomas.
Geralmente, isso acontece porque o alto nível de açúcar no sangue pode afetar o fluxo sanguíneo, tornando o processo natural de recuperação do corpo mais difícil.
6. Formigamento e dormência nas mãos ou nos pés
Sensações estranhas nas mãos e nos pés, como formigamento e dormência, podem ser sintomas preocupantes de diabetes.
Em alguns casos, essa condição pode até evoluir para dor, que tende a se intensificar durante a noite.
7. Tontura
Não é incomum que idosos com diabetes experimentem tontura, especialmente quando seus níveis de açúcar no sangue caem abaixo de 70mg — uma condição conhecida como hipoglicemia.
Essa queda abrupta pode resultar em uma variedade de sintomas, incluindo fraqueza, tremores, desmaios e confusão mental.
8. Dores de cabeça
As variações nos níveis de açúcar no sangue, típicas do diabetes, podem perturbar o fornecimento de glicose que o cérebro necessita para funcionar corretamente, levando a episódios de cefaleia.
9. Visão embaçada
Quando há excesso de glicose no sangue, o cristalino (lente ocular) pode inchar, alterando sua forma e flexibilidade.
Por consequência, a condição afeta a capacidade de foco do olho, resultando em visão turva.
Em geral, esse sintoma tende a ocorrer quando os níveis de glicose estão extremamente elevados e se normaliza com o controle adequado do diabetes.
Saiba mais: Doenças crônicas na terceira idade: o que saber e o que fazer.
Ao identificar qualquer um dos sintomas mencionados, o idoso deve comunicar imediatamente seu geriatra e realizar os exames necessários.
Um diagnóstico precoce de diabetes na terceira idade viabiliza um plano de controle eficaz, tornando possível uma vida saudável, mesmo com a condição.