O AVC em idosos (Acidente Vascular Cerebral), comumente conhecido como derrame, representa uma das principais causas de incapacidade e mortalidade em todo o mundo, especialmente entre a população idosa.
Mas o que exatamente é um AVC? Por que sua incidência é alta entre idosos? Quais os sintomas e sinais de alerta da condição?
Nas seções a seguir, detalhamos as respostas para essas e outras questões.
O que é o Acidente Vascular Cerebral (AVC)?
De modo resumido, podemos explicar que o AVC ocorre quando o fluxo de sangue para uma região do cérebro é interrompido ou reduzido, privando-o de oxigênio e nutrientes.
Existem dois tipos principais de AVC, classificados de acordo com a natureza da interrupção do fluxo sanguíneo: o isquêmico e o hemorrágico.
O AVC isquêmico, tipo mais comum, ocorre quando um vaso sanguíneo que fornece sangue ao cérebro fica obstruído, muitas vezes por um coágulo.
O impacto dessa obstrução sobre o cérebro varia conforme a duração da privação sanguínea.
Quando as células cerebrais são privadas de sangue apenas por um curto período, elas passam por um estado de estresse, porém, com possibilidade de recuperação.
No entanto, se a privação é prolongada, as células cerebrais morrem, podendo resultar na perda de algumas funções, às vezes de forma permanente.
Por outro lado, o AVC hemorrágico acontece quando há ruptura de um vaso sanguíneo. Essa ruptura perturba o fluxo sanguíneo regular e faz com que o sangue vaze para dentro ou ao redor do tecido cerebral.
O contato direto do sangue com o tecido cerebral pode irritá-lo, provocando, ao longo do tempo, a formação de tecido cicatricial, o que, em alguns casos, pode induzir convulsões.
É importante destacar que a idade avançada está associada a uma menor capacidade de recuperação do tecido cerebral pós-AVC — o que ressalta a importância da prevenção e da resposta rápida frente aos primeiros sinais e sintomas.
Fatores de risco do AVC em idosos
A observação da elevada incidência de AVC entre idosos nos leva a considerar uma série de fatores interconectados que incluem mudanças naturais no corpo humano, a presença de condições médicas crônicas e certos hábitos adotados ao longo dos anos.
Contudo, enquanto algumas dessas condições refletem o curso natural do envelhecimento, outras podem ser ajustadas por meio de alterações na rotina ou tratamento médico, como veremos a seguir:
- Hipertensão arterial (pressão alta)
- Aterosclerose (acúmulo de placas de colesterol nas paredes das artérias, o que causa obstrução do fluxo sanguíneo)
- Fibrilação atrial (um tipo de arritmia cardíaca que aumenta o risco de formação de coágulos)
- Diabetes mellitus
- Colesterol alto
- Dieta inadequada (com alto teor de sal, gorduras saturadas e trans)
- Tabagismo
- Consumo excessivo de álcool
- Obesidade
- Sedentarismo
- Histórico familiar de AVC (a genética pode influenciar o risco de AVC, especialmente se um parente próximo teve um derrame em idade precoce)
Muitos desses fatores podem ser minimizados com o acompanhamento médico regular.
Por meio de exames periódicos, o geriatra pode identificar qualquer alteração que sinalize um risco à saúde, promovendo intervenções antes que a situação se agrave.
Circunstâncias que dizem respeito ao estilo de vida também devem ser discutidas com o médico. Independente da idade, sempre é tempo de rever maus hábitos e buscar novas escolhas.
Confira: Médico geriatra: perguntas frequentes sobre geriatria.
Sinais e sintomas de AVC em idosos
Os sintomas do AVC surgem subitamente e podem variar dependendo da área do cérebro afetada.
Entre os sinais mais comuns, incluem-se:
- Dormência, fraqueza ou sensação de formigamento no rosto, braço ou perna, especialmente em um lado do corpo.
- Dificuldade para falar claramente ou compreender o que outros estão dizendo.
- Confusão mental sem motivo aparente.
- Visão embaçada, duplicada ou perda repentina de visão.
- Dificuldade para caminhar.
- Tontura, vertigem, perda de equilíbrio ou dificuldade súbita para coordenar os movimentos.
- Dor de cabeça severa e sem causa aparente, que pode ser descrita como a “pior dor de cabeça da vida”.
A capacidade de reconhecer esses sintomas é uma ação que pode salvar vidas.
O cérebro é um órgão incrivelmente sensível ao tempo e cada minuto conta quando o fluxo sanguíneo é interrompido. A intervenção médica oportuna pode prevenir danos cerebrais extensos, limitar as complicações e aumentar as chances de uma recuperação bem-sucedida.
Por isso, é essencial que familiares e cuidadores estejam bem informados sobre os sinais e sintomas do AVC. Em situações de emergência, frequentemente são eles os primeiros a observar as mudanças repentinas e a agir, seja chamando uma ambulância imediatamente ou levando o idoso ao hospital sem demora.
Veja também: O que pode causar tontura em idosos?
Primeiros socorros e resposta ao AVC
Ao suspeitar de um AVC, adote o seguinte procedimento:
- Use a regra FAST para reconhecer rapidamente os sinais de um AVC:
- F (Face): Peça à pessoa para sorrir. Um lado do rosto está caído?
- A (Arms): Peça para levantar ambos os braços. Existe dificuldade ou fraqueza em um dos braços?
- S (Speech): Solicite que repita uma frase simples. A fala está arrastada ou incompreensível?
- T (Time): Se você identificar algum destes sinais, é hora de agir imediatamente.
- Ligue para os serviços de emergência. Informe claramente que você suspeita de um AVC, descreva os sintomas e siga as instruções dadas pelo atendente.
- Enquanto aguarda a chegada da ajuda médica, mantenha a pessoa confortável e em posição segura. Se estiver consciente, incentive-a a permanecer calma e imóvel. Posicione-a de modo que a cabeça e os ombros estejam ligeiramente elevados, a menos que isso cause desconforto.
- Evite dar qualquer coisa para a pessoa comer ou beber, pois isso pode causar asfixia, especialmente se houver dificuldade de deglutição.
- Se a pessoa estiver inconsciente, mantenha as vias aéreas abertas e a pessoa deitada de lado, em posição de recuperação, para evitar que a língua bloqueie a garganta ou que haja aspiração de vômito.
- Fique calmo e procure tranquilizar a pessoa afetada. Fale com ela em tom suave, explicando que a ajuda está a caminho.
Agir rapidamente diante de um AVC é essencial para aumentar as chances de recuperação completa.
O tratamento imediato pode limitar os danos cerebrais e aumentar a eficácia da recuperação a longo prazo.