Para inúmeros idosos, o despertar diário é marcado pelo reencontro com uma companhia indesejada: a dor crônica.
Essa condição persistente, que se estende por mais de três meses, difere das dores agudas por não ter um fim previsível e, frequentemente, não possuir uma causa imediatamente identificável.
É importante saber que a dor crônica em idosos pode variar imensamente em sua manifestação, sendo que um mesmo indivíduo pode enfrentar diferentes tipos de incômodos ao longo do tempo.
Por vezes, a dor pode ser descrita como um formigamento constante, similar ao toque de muitas agulhas finas. Em outras ocasiões, pode ser tão profunda que remete à sensação de estar sendo espremido ou torcido por mãos invisíveis.
A intensidade da dor também pode ser inconstante. Em certos momentos, pode representar um leve desconforto, discretamente perturbando as atividades cotidianas. Em outros, transforma-se em uma experiência avassaladora, que impede qualquer tentativa de movimento.
Outro ponto a ser destacado é que a dor crônica em idosos é, muitas vezes, sub-relatada e subtratada. Muitos acreditam que a dor é uma parte inevitável do envelhecimento e, consequentemente, hesitam em buscar ajuda médica. Essa percepção contribui para um ciclo de sofrimento que pode e deve ser quebrado com abordagens de cuidado e tratamento adequadas.
Principais causas da dor crônica em idosos
Vejamos algumas das razões mais comuns por trás da dor crônica na terceira idade, a fim de que possamos identificar fatores que contribuem para este cenário:
Artrite e osteoartrite
Talvez as causas mais reconhecidas de dor crônica na terceira idade, essas condições afetam as articulações, causando dor, rigidez e inchaço.
Imagine suas articulações como dobradiças em uma porta que foram abertas e fechadas inúmeras vezes ao longo dos anos.
Com o tempo, o desgaste natural pode fazer com que essas “dobradiças” se desgastem, levando a uma dor que persiste dia após dia.
Osteoporose
Os ossos, que já foram fortes e resistentes, podem se tornar mais frágeis com a idade.
Pequenas quedas ou mesmo atividades diárias podem resultar em fraturas, especialmente na coluna vertebral, quadris e pulsos, causando dor prolongada.
Além disso, a diminuição da densidade óssea também pode contribuir para mudanças na postura, resultando em desconfortos.
Veja também: O que é osteopenia?
Fibromialgia
Essa síndrome faz com que o corpo sinta dor generalizada e uma sensibilidade exagerada ao toque, acompanhada muitas vezes de uma sensação persistente de cansaço e névoa mental, dificultando o foco e a clareza de pensamento.
A fibromialgia pode fazer com que o simples ato de ser tocado ou mesmo uma mudança no clima desencadeiem respostas dolorosas desproporcionais.
Neuropatias periféricas
Às vezes, o problema reside nos “cabos” (nervos) que transmitem sensações pelo corpo.
Doenças como diabetes podem danificar esses nervos, resultando em uma dor ardente, formigamento ou sensação de choque elétrico, principalmente nos pés e mãos.
Vale notar que deficiências vitamínicas e infecções também estão entre as possíveis causas, ampliando as condições que podem afetar esses “cabos” vitais.
Problemas de coluna
Problemas como hérnia de disco, estenose espinhal e degeneração vertebral são comuns na terceira idade. Eles podem pressionar os nervos da coluna, causando dor que irradia para outras partes do corpo.
Complicações pós-cirúrgicas e pós-traumáticas
Após cirurgias ou lesões, algumas pessoas desenvolvem uma dor persistente na área afetada, que continua mesmo após a cura da lesão inicial.
Doenças crônicas
Condições de longa duração, como doenças renais crônicas e insuficiência cardíaca, podem ter a dor crônica como um de seus sintomas debilitantes, afetando a qualidade de vida do idoso.
Câncer
Além do impacto emocional, o câncer e seus tratamentos, como a quimioterapia, podem causar dores crônicas em diferentes partes do corpo.
Leia também: Doenças crônicas na terceira idade: o que saber e o que fazer.
Cada uma dessas causas reflete a necessidade de tratamentos que considerem o indivíduo como um todo.
Ao entender essas causas comuns, podemos começar a buscar caminhos para alívio e bem-estar.
O que fazer para amenizar a dor crônica na terceira idade
A luta contra a dor crônica vai além da busca por alívio físico — ela é fundamental para preservar a qualidade de vida.
Esse tipo de dor pode afetar o ânimo e o equilíbrio emocional, contribuindo para episódios de depressão e aumento da irritabilidade.
A boa notícia é que há uma variedade de recursos para apoiar quem enfrenta essa condição persistente.
Vejamos algumas opções:
1. Buscar orientação médica
O primeiro passo é sempre consultar um geriatra para avaliar a causa da dor e discutir as opções de tratamento.
Medicamentos (tais como analgésicos e anti-inflamatórios) podem ser prescritos como parte do tratamento.
Contudo, é imprescindível que seu uso ocorra estritamente sob orientação médica, levando-se em conta os possíveis riscos de efeitos colaterais, dependência e interações medicamentosas.
2. Praticar atividades físicas
Exercícios leves — como caminhada, natação ou yoga — ajudam a fortalecer os músculos, melhorar a mobilidade e aliviar a dor crônica.
No entanto, é importante que as atividades sejam compatíveis com a capacidade física do idoso e, se possível, que sejam realizadas sob orientação de um fisioterapeuta.
3. Considerar terapias complementares
Acupuntura, massagem terapêutica e quiropraxia são exemplos de terapias que podem beneficiar idosos com dores crônicas.
Porém, uma vez mais, é necessário enfatizar: converse com seu geriatra para saber quais opções são compatíveis com sua condição.
O médico poderá indicar terapias mais efetivas e seguras, adaptando as recomendações ao seu histórico de saúde e às particularidades do seu caso.
Veja também: Reumatismo: o que é, sinais e tratamento.
É interessante ter em mente que, da mesma forma que as causas e manifestações da dor crônica podem variar de pessoa para pessoa, o tratamento também não será o mesmo para todos. O que funciona muito bem para um indivíduo pode não ter o mesmo efeito em outro.
Se uma estratégia não proporcionou o alívio esperado, não desanime! Comunique-se com seu médico para discutir outras opções de tratamento. Juntos, vocês podem ajustar o plano de manejo da dor, buscando novas abordagens até encontrar aquela que mais se adapta às suas necessidades.
2 respostas
tenho 63 anos sinto muita dor no pescoço, na nuca, nos dedos das mãos e formigamento.tenho diabetes e hipertensão controladas.
Olá, Zaira como vai?
A dor crônica em idosos pode ter diversas causas desde doenças psicossomáticas até doenças reumatológicas e fraturas ocultas. Por isso é fundamental a avaliação médica detalhada com exame físico para que seja feito diagnóstico adequado e orientada a melhor estratégia de tratamento ou de controle de dor.
Ficamos a disposição e espero ter auxiliado de alguma forma, grande abraço.