Muitos aceitam a sensação de cansaço como um componente inevitável do envelhecimento — em parte porque o metabolismo tende a desacelerar e o corpo passa por mudanças que podem diminuir os níveis de energia.
No entanto, uma fadiga constante, que se torna um obstáculo para a realização de atividades cotidianas, merece uma atenção especial.
Esse tipo de cansaço pode não ser apenas um sinal de que é necessário descansar um pouco mais. É possível que ele seja um indicador de que algo mais sério está acontecendo.
Portanto, é fundamental reconhecer o cansaço excessivo como um sintoma potencial de condições médicas mais profundas — o que nos leva a entender suas possíveis causas, nas próximas seções deste artigo.
1. Insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca — um estado em que o coração não bombeia sangue tão eficientemente quanto deveria — é uma causa frequente de cansaço excessivo em idosos.
Esta condição pode surgir devido a diversos fatores, como pressão arterial elevada, problemas nas válvulas cardíacas, danos após um infarto ou consumo excessivo de álcool.
Nos estágios iniciais, o cansaço pode se manifestar durante atividades que requerem um esforço moderado (subir escadas ou caminhar uma distância curta, por exemplo).
Contudo, à medida que a condição avança, até mesmo tarefas simples, que normalmente não exigiriam muito esforço, podem se tornar exaustivas.
A relação direta entre a insuficiência cardíaca e o cansaço se dá pelo enfraquecimento do coração, que luta para atender às necessidades energéticas do corpo.
Um elemento adicional que contribui para a fadiga é a retenção de líquidos, uma consequência habitual dessa condição. Esse acúmulo de líquidos pode causar inchaço nas pernas e, em etapas mais críticas, nos pulmões, intensificando a sensação de indisposição, somada à dificuldade para respirar.
Veja também: Doenças crônicas na terceira idade: o que saber e o que fazer.
2. Alterações da tireoide
As mudanças no funcionamento da tireoide são comuns na terceira idade e podem ser a razão oculta por trás do cansaço que muitos idosos sentem.
Hipertireoidismo
Quando a tireoide produz excesso de hormônios, o corpo funciona em um ritmo acelerado, ocasionando sintomas como nervosismo, perda de peso, batimentos cardíacos rápidos e, sim, até cansaço.
Hipotireoidismo
Inversamente, nas ocasiões em que a tireoide não produz hormônio suficiente, o corpo desacelera. As pessoas podem se sentir cansadas, terem dificuldade de concentração e sentirem frio com mais facilidade.
Ambas as condições podem confundir os médicos, porque se parecem com outros problemas de saúde. Por isso, é tão importante que os idosos façam exames regulares da tireoide, principalmente se estiverem se sentindo mais cansados do que o normal.
3. Anemia
A anemia, muitas vezes desencadeada por uma dieta deficiente em ferro e vitamina B12, impede que as células do sangue distribuam oxigênio e energia de maneira eficiente pelo corpo.
Mais do que uma sensação de estar “um pouco desanimado”, a anemia pode reduzir drasticamente a vitalidade, tornando atividades leves, como um passeio no jardim, extremamente exaustivas.
Se você, ou alguém próximo, estiver enfrentando esse tipo de problema, é fundamental procurar um médico geriatra.
Um exame de sangue pode identificar se a anemia está por trás do cansaço excessivo — e o tratamento pode ser tão simples quanto ajustar a dieta ou adicionar suplementos.
Confira: Dicas de alimentação saudável na terceira idade.
4. Diabetes
Caracterizado pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, o diabetes pode ser um fator significativo para o cansaço excessivo observado em idosos.
Isso ocorre porque o corpo não consegue utilizar a glicose de forma eficiente para produzir energia — seja devido à falta de insulina, no diabetes tipo 1, ou à resistência à insulina, no tipo 2.
Para saber mais sobre o assunto, leia o artigo “Sintomas e as potenciais complicações do diabetes na terceira idade”.
5. Problemas de saúde mental podem causar cansaço excessivo em idosos
Problemas de saúde mental podem não ser tão visíveis quanto outras condições médicas, mas seu impacto na disposição cotidiana é significativo.
- Ansiedade e estresse: em idosos, a ansiedade e o estresse crônicos podem advir de várias fontes, como preocupações com a saúde, solidão, mudanças no ambiente ou no estilo de vida. Esses fatores podem levar a um estado de alerta constante, resultando em fadiga.
- Depressão: diferente de outras faixas etárias, a depressão em idosos pode não se manifestar claramente com tristeza. Em vez disso, pode surgir como um cansaço persistente, perda de interesse em atividades prazerosas ou alterações no sono e no apetite.
Reconhecer esses sinais emocionais e psicológicos é tão importante quanto identificar sinais físicos de doença.
Ao enfrentar esses desafios, buscar a orientação de um psicogeriatra pode ser decisivo.
Esse especialista pode oferecer um diagnóstico preciso e um plano de tratamento personalizado, que frequentemente inclui terapia, incentivo à participação em atividades sociais e, se necessário, uso de medicamentos.
Leitura sugerida: Como cuidar da saúde mental na terceira idade: 6 dicas essenciais.
Ao considerarmos os diversos fatores que contribuem para o cansaço excessivo entre os idosos, não podemos ignorar o papel dos hábitos diários.
Horários irregulares de sono, consumo frequente de cafeína ou álcool, inatividade física e falta de engajamento em atividades de lazer podem ser tão impactantes quanto as condições médicas.
Adotar uma rotina saudável — que priorize o sono de qualidade, limite estimulantes e incorpore atividades físicas e sociais — pode fazer uma grande diferença na energia e bem-estar.
Se você ou um ente querido está enfrentando fadiga persistente, não hesite em procurar orientação médica. Um geriatra qualificado pode avaliar minuciosamente a situação, identificando as causas e sugerindo intervenções para restaurar o ânimo e a disposição.