A depressão em idosos vai além de uma simples tristeza ou desânimo passageiro. Trata-se de uma condição médica séria, que impacta tanto a mente quanto o corpo, podendo alterar drasticamente a qualidade de vida de quem a enfrenta.
Quando essa condição se manifesta em idosos, a identificação dos sintomas pode se tornar um desafio. Isso porque os sinais do transtorno podem ser sutis e variados — muitas vezes passando despercebidos ou sendo erroneamente atribuídos ao processo natural de envelhecimento.
Nosso intuito, neste artigo, é auxiliar na compreensão dessa complexidade.
Vamos listar os sintomas de depressão em idosos mais comuns e demonstrar como distinguir esses sinais dos aspectos normais do envelhecimento.
Convidamos você a acompanhar a leitura e, caso surjam dúvidas, a compartilhá-las conosco no campo de comentários, ao final da página. Estamos aqui para ajudar!
1. Sintomas físicos da depressão na terceira idade
Ao considerar a depressão, é comum que sentimentos de tristeza e desesperança venham à mente. Contudo, é importante reconhecer que, especialmente entre os idosos, a condição nem sempre se manifesta dessa maneira.
De fato, muitas pessoas enfrentam a depressão na terceira idade não se identificam necessariamente como “tristes”. Em vez disso, podem expressar baixa motivação, falta de energia ou uma série de desconfortos físicos.
Exemplos de sintomas de depressão em idosos
Fadiga ou perda de energia
A pessoa idosa pode se sentir constantemente cansada, mesmo após períodos de descanso. Ela também pode ter dificuldade para realizar tarefas diárias que antes eram executadas com facilidade.
Dores e agravamento de condições crônicas
Dores persistentes (dor nas articulações, dor de cabeça ou dor nas costas, por exemplo), são frequentemente relatadas por idosos com depressão.
Esses sintomas podem ser confundidos com artrite ou outras condições comuns na terceira idade.
No entanto, se as dores não amenizam mesmo após tratamentos adequados (ou parecerem piorar sem uma causa clara), podem ser indicativos de problemas de saúde mental.
Distúrbios do sono
A insônia (dificuldade para adormecer ou manter o sono) e a hipersonia (excesso de sono) merecem atenção. Ambos os padrões podem indicar um desequilíbrio emocional e mental.
Leia também: A importância do sono na terceira idade.
Alterações no apetite
A depressão em idosos pode levar à perda de prazer em comer, resultando em perda de peso e desnutrição.
Em alguns casos, o contrário pode ocorrer, sendo observado um aumento significativo do apetite e consequente ganho de peso.
Lentidão no movimento ou na fala
Idosos com depressão podem se mover ou falar mais lentamente do que o habitual, o que pode ser um reflexo da falta de energia e do sentimento de desesperança associados à condição.
Problemas digestivos
Constipação, diarreia ou desconforto abdominal que não melhoram mesmo com tratamento podem ser um indício de depressão — embora esses sintomas possam ser devidos a várias outras condições.
Negligência com os cuidados pessoais
Comportamentos como pular refeições, esquecer de tomar medicamentos ou ser descuidado com a higiene pessoal podem ser sinais de alerta.
Nota importante
É comum idosos relatarem dores e desconfortos físicos. No entanto, a frequência dessas queixas e sua associação com mudanças de comportamento podem indicar um problema mais sério.
Sintomas persistentes como fadiga constante, dores inexplicáveis, alterações no apetite ou negligência com os cuidados pessoais não devem ser ignorados. Essas manifestações podem aparecer na depressão na terceira idade. Logo, é recomendado procurar a orientação de um médico especializado em saúde mental na terceira idade, como um psicogeriatra.
2. Desinteresse ou falta de prazer em atividades anteriormente apreciadas
A anedonia — termo médico que se refere à perda de interesse ou prazer em atividades que costumavam proporcionar alegria — é um dos principais sintomas da depressão em idosos.
Tal manifestação pode ser menos óbvia nessa faixa etária, devido à presença de outras condições de saúde e à ideia equivocada de que é uma consequência natural do envelhecimento.
Em decorrência do desinteresse, o idoso pode abandonar hobbies que antes eram fontes de satisfação, por exemplo.
Essa mudança pode ocorrer de maneira gradual e ser mascarada por justificativas como cansaço ou falta de tempo. “Isso já não faz mais sentido para mim” ou “não tenho mais energia para isso” podem ser comentários que evidenciam o sintoma.
Observação
Vale ressaltar que todos nós passamos por fases de desânimo ou mudanças de interesses — e isso é perfeitamente normal.
O problema demanda atenção quando se torna recorrente e começa a interferir na qualidade de vida. Em situações assim, o médico que cuida do idoso deve ser informado.
3. Irritabilidade ou mudanças de humor
Embora a tristeza seja comumente associada ao transtorno depressivo, um estado de humor negativo — caracterizado por impaciência e facilidade para se aborrecer — pode ser um sintoma de depressão em idosos menos reconhecido, mas significativo.
Idosos com depressão podem se tornar mais impacientes, facilmente frustrados ou mais propensos a demonstrar raiva. Eles podem parecer constantemente insatisfeitos, criticar mais do que o habitual ou ter dificuldade em tolerar pequenas inconveniências.
Esse sintoma pode ser particularmente difícil de identificar, pois pode ser confundido com o estresse ou a “rabugice” associada ao envelhecimento. Porém, é necessário distinguir entre um mau humor ocasional e a irritabilidade persistente. A frequência e intensidade de reações intempestivas são fatores a serem considerados como possíveis sinais de um problema de saúde mental.
Leia também: Ansiedade na terceira idade: compreendendo as causas e identificando os sintomas.
4. Problemas de memória e concentração
Os idosos com depressão podem parecer confusos e enfrentar dificuldades para lembrar de informações, se concentrar em tarefas, tomar decisões ou acompanhar conversas.
Não é incomum que esses problemas sejam erroneamente atribuídos ao início de demência — o que pode levar a um diagnóstico incorreto e a um tratamento inadequado.
Contudo, quando tais dificuldades estão associadas à depressão na terceira idade, os sintomas podem ser reversíveis com tratamento específico para a condição. Portanto, é essencial que médicos, familiares e cuidadores estejam atentos a essas mudanças cognitivas.
Leia também: Problemas de memória na terceira idade: o que é normal e o que não é?
5. Tendência ao isolamento social
Quando um idoso começa a se isolar, pode parecer inicialmente uma preferência pessoal.
Talvez eles digam coisas como “prefiro ficar sozinho” ou “não tenho mais vontade de sair”. No entanto, por trás dessas palavras, pode haver uma luta interna com sentimentos de tristeza, desesperança ou falta de energia — todos sintomas comuns da depressão.
Uma vez que se torne um comportamento habitual, o isolamento pode ter implicações profundas para a saúde física e mental de pessoas idosas, intensificando os sentimentos de solidão e tristeza (originando, assim, um círculo vicioso difícil de quebrar) além de aumentar o risco de outras condições médicas.
Leia também: Como envelhecer bem: práticas que fazem a diferença.
6. Tristeza persistente
Pense em um idoso que sempre foi otimista, bem-disposto, comunicativo. Recentemente, entretanto, suas atitudes mudaram e ele parece estar constantemente abatido ou desanimado. Ainda que não expresse diretamente a tristeza, pode mostrar sinais indiretos, como chorar facilmente, demonstrar desesperança ou verbalizar sentimentos de vazio.
É verdade que eventos da vida (aposentadoria, luto ou restrições em função de um problema de saúde, por exemplo) podem ocasionar, temporariamente, um humor mais deprimido.
Porém, mais uma vez, a chave para diferenciar um sintoma de depressão em idosos de comportamentos normais é avaliar a recorrência desse estado de humor.
Ao se tornar muito presente, a tristeza pode prejudicar múltiplos aspectos do bem-estar, afetando desde o sono e o apetite, até a capacidade de realizar atividades cotidianas. Em casos mais graves, esse sentimento pode até levar a pensamentos de morte ou suicídio.
7. Sentimentos de desesperança, culpa ou inutilidade
Tais sentimentos podem ser intensificados em idosos, especialmente quando eles se sentem menos úteis ou mais dependentes dos outros.
Uma pessoa que sempre valorizou sua independência, por exemplo, pode começar a se sentir um fardo para os outros à medida que envelhece e precisa de mais assistência.
Da mesma forma, um sentimento de desesperança pode surgir, levando o idoso a expressar crenças de que as coisas nunca vão melhorar.
Contudo, é preciso entender que esses sentimentos são sintomas de depressão em idosos, uma doença tratável, e não um reflexo da realidade.
Leia também: Como familiares e cuidadores podem ajudar idosos com ansiedade.
A intervenção de um psicogeriatra pode fazer uma grande diferença na vida de um idoso com depressão.
Terapias, medicamentos e mudanças no estilo de vida são estratégias eficazes para aliviar os sintomas de depressão em idosos, permitindo que volte a ver o mundo (e a si mesmo) de uma perspectiva mais positiva.
Se perceber os sintomas que relatamos neste texto em um idoso que você conhece, é importante agir. A detecção precoce e a intervenção profissional têm extrema relevância no tratamento da depressão. Portanto, encoraje a busca por ajuda médica e ofereça seu apoio. Afinal, ninguém precisa enfrentar a depressão sozinho.