Você já ouviu falar em sarcopenia?

Sarcopenia é uma condição bastante comum na terceira idade, caracterizada tanto pela perda de massa muscular quanto pela perda de função ou força muscular.

Uma vez que o problema afeta o desempenho físico, suas implicações podem resultar em diversas dificuldades no dia a dia, prejudicando a qualidade de vida das pessoas mais velhas.

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Causas da sarcopenia

A causa principal da sarcopenia é o próprio processo natural de envelhecimento, já que começamos a perder massa e força muscular por volta dos 40 anos de idade.

Contudo, embora a tendência à perda muscular seja considerada normal — sendo mais evidente entre os 65 e os 80 anos — ela ocorre de forma mais expressiva (e rápida) em pessoas acometidas pela sarcopenia.

Nesse sentido, as pesquisas apontam que, além do envelhecimento, as causas da sarcopenia estão relacionadas a múltiplos fatores, tais como:

Sedentarismo

A inatividade física acelera a perda muscular, pois os músculos requerem estímulo regular para manter sua massa e função.

Mudanças hormonais

Com a idade, a redução dos níveis de testosterona, estrogênio e hormônio do crescimento pode afetar negativamente a síntese de proteínas e o metabolismo dos músculos.

Essa alteração compromete a regeneração e o desenvolvimento do tecido, o que pode acelerar a perda de massa muscular observada na sarcopenia.

Alimentação inadequada ou baixa ingestão de proteínas

Sem um aporte suficiente de nutrientes — especialmente de proteína —, o organismo não consegue efetuar a reparação muscular necessária, resultando em uma perda gradual de massa e força.

Doenças crônicas

Condições como doença pulmonar obstrutiva, diabetes e câncer, assim como infecções e inflamações prolongadas, podem precipitar a sarcopenia ao induzir um estado constante de catabolismo — processo metabólico que degrada o tecido muscular mais rapidamente do que a capacidade do corpo de regenerá-lo.

Esse fenômeno ocorre quando há desequilíbrio hormonal, nutricional ou inflamatório, comprometendo a integridade muscular.

Obesidade

A obesidade pode acelerar a sarcopenia de duas maneiras.

Primeiro, o excesso de tecido adiposo pode resultar em um estado inflamatório crônico, que prejudica a saúde dos músculos.

Segundo, a obesidade frequentemente leva à resistência à insulina, um fator que interfere na capacidade de absorver nutrientes essenciais, especialmente a glicose, necessária para a manutenção do tecido muscular.

Artrite reumatóide

A inflamação crônica característica desta condição pode limitar a mobilidade, agravando a redução de massa magra devido à menor atividade física.

Perda dos neurônios que estimulam os músculos

Com o avanço da idade, pode ocorrer uma diminuição dos neurônios motores — as células nervosas responsáveis por transmitir comandos para a contração muscular.

Com menos neurônios funcionais, a comunicação entre o sistema nervoso e os músculos se torna menos eficiente, o que pode resultar em uma diminuição da força e da massa muscular.

Resistência à insulina

Este desequilíbrio ocorre quando o corpo não utiliza adequadamente a insulina, comprometendo a forma como as células musculares metabolizam os nutrientes dos alimentos, em especial os açúcares.

Essa condição pode restringir a energia disponível para os músculos, potencialmente os enfraquecendo e contribuindo para o desenvolvimento da sarcopenia.

Declínio na capacidade do corpo de converter proteínas em energia

A habilidade do corpo em transformar proteínas em energia diminui com a idade.

Esse processo, por sua vez, pode levar a uma redução progressiva da musculatura.

Deficiência de vitamina D

Estudos recentes ressaltam a importância da vitamina D na preservação da força muscular e no desempenho físico em idosos.

Evidências sugerem que níveis adequados dessa vitamina estão relacionados à manutenção da massa muscular e que sua deficiência pode levar a uma perda mais rápida dessa massa, especialmente em homens com mais de 85 anos.

Além disso, a carência da vitamina D não apenas aumenta o risco de sarcopenia, mas também de fragilidade e quedas, condições significativas no contexto geriátrico.

Sintomas de sarcopenia

Os sintomas da sarcopenia refletem a perda progressiva de função muscular e podem incluir:

• Fraqueza muscular;
• Perda da resistência física;
• Dificuldade em realizar atividades físicas cotidianas (como levantar objetos pesados, subir escadas, caminhar ou mesmo se vestir);
• Redução no tamanho dos músculos;
• Fadiga;
• Aumento da incidência de cãibras e rigidez muscular;
• Lentidão e perda de agilidade nos movimentos;
• Problemas na coordenação motora;
• Falta de equilíbrio;
• Mudanças na postura, frequentemente devido à fraqueza dos músculos posturais.

Complicações da sarcopenia

É quando pensamos nas complicações que uma condição de saúde pode resultar que, realmente, entendemos o porquê de ficar atento aos sintomas e manter os check ups médicos em dia.

No caso da sarcopenia, os impactos podem ser significativos, comprometendo a autonomia e a qualidade de vida, tendo em vista que o declínio da força e função muscular ocasionam:

• Limitações de mobilidade, que podem confinar os indivíduos ao espaço doméstico e reduzir a interação social.
• Dificuldades nas atividades da vida diária, que vão desde tarefas domésticas até a higiene pessoal, afetando a autoestima e a autonomia.
• Aumento do risco de quedas e fraturas que, por sua vez, podem resultar em hospitalização e em um declínio ainda mais rápido da saúde física.
• Contribuição para o desenvolvimento de síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, devido à alteração da composição corporal.
• Redução da capacidade pulmonar e maior suscetibilidade a infecções respiratórias, pois a sarcopenia pode enfraquecer os músculos que auxiliam na respiração.
• Comprometimento psicológico, levando a sentimentos de dependência, depressão ou ansiedade devido à perda de funcionalidade e autonomia.
• Cicatrização comprometida, visto que a redução na massa muscular pode afetar negativamente a capacidade do corpo de se recuperar após lesões ou cirurgias.
• Problemas posturais e disfunções articulares, causando dor crônica, especialmente na região lombar e nos joelhos.
• Diminuição da expectativa de vida, frequentemente resultante de uma combinação das condições acima.

É importante ressaltar que a sarcopenia é uma condição progressiva, o que significa que as complicações podem piorar com o tempo.

Portanto, é importante procurar o médico se você notar algum dos sintomas que mencionamos anteriormente.

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Diagnóstico

O diagnóstico de sarcopenia geralmente se dá a partir do relato de sintomas apresentados pelo paciente ao médico.

Logo, sempre que notar qualquer mudança ou incômodo em sua rotina, certifique-se de comentar a situação com seu geriatra durante as consultas periódicas.

Considerando as queixas e percepções do paciente, o médico pode investigar as razões dos problemas solicitando exames de imagem — como tomografia computadorizada, ressonância magnética e densitometria corporal total —, além de efetuar testes que permitam medir a força e desempenho muscular.

Para um diagnóstico preciso, dois critérios fundamentais são avaliados:

1. Perda de massa muscular: exames de imagem podem revelar se o paciente apresenta massa muscular abaixo do normal para sua idade e sexo. 
2. Perda de força muscular: a força muscular é medida e comparada com valores de referência, frequentemente utilizando-se do teste de preensão manual.

Adicionalmente, a função física é considerada, com testes de desempenho como o de caminhada rápida ou o Timed Up and Go (TUG), avaliando a mobilidade e capacidade de execução de tarefas cotidianas.

O diagnóstico de sarcopenia é confirmado pela presença de deficiências nestas áreas, refletindo não apenas a redução da massa e força muscular, mas também o impacto na funcionalidade do indivíduo.

Tratamento de sarcopenia

A base do tratamento da sarcopenia é o exercício físico. Mais especificamente, exercícios que trabalhem a resistência e a força muscular (musculação, por exemplo).

No entanto, é importante esclarecer que a frequência e a intensidade dos exercícios devem ser discutidas com o médico — e sua prática, preferencialmente, acompanhada por fisioterapeuta ou profissional habilitado.

Ou seja, apesar da recomendação de introduzir atividades físicas regulares ser bastante benéfica no tratamento (e prevenção) da sarcopenia, será necessário avaliação individualizada para se chegar a indicação mais vantajosa ao paciente.

De forma adicional, o médico geriatra também pode sugerir alterações na dieta e, eventualmente, indicar suplementos ou medicamentos para o tratamento de síndromes metabólicas.

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Perspectivas de cura para a sarcopenia

Atualmente, a sarcopenia é considerada uma condição crônica gerenciável, e não totalmente curável, devido à sua relação com o processo natural de envelhecimento.

No entanto, a intervenção precoce e um regime de tratamento adequado podem retardar significativamente sua progressão e melhorar a qualidade de vida.

A combinação de exercícios físicos direcionados, nutrição adequada e, quando necessário, suplementação, é a estratégia mais eficaz conhecida para a redução dos sintomas da sarcopenia.

Pesquisas continuam em busca de tratamentos farmacológicos que possam reverter ou interromper o declínio muscular associado ao envelhecimento, mas até o momento, a prevenção e a gestão com estilo de vida saudável permanecem sendo as melhores respostas para essa condição.

Prevenção da sarcopenia

Assim como o tratamento da sarcopenia se dá, principalmente, a partir de mudanças no estilo de vida, sua prevenção segue a mesma linha de raciocínio.

Anteriormente, mencionamos o sedentarismo como fator de risco para a perda da massa muscular. Então, se você está disposto a evitar o problema, deve iniciar uma rotina de exercícios, assim que possível.

Contudo, antes de optar por algum esporte ou tipo de atividade, lembre de consultar seu médico para obter orientações.

Evite, também, fazer exercícios sem supervisão. Pode parecer prático comprar equipamentos de musculação para fazer as atividades em casa, ou começar a correr ao ar livre. Porém, se você não realizar os movimentos de forma correta, pode acabar com lesões que comprometem sua saúde.

Outro ponto importante para a prevenção da sarcopenia é a alimentação. Sua dieta deve ser equilibrada e atenta à ingestão ideal de proteínas.

Proteínas são essenciais para a saúde dos músculos e, com o envelhecimento, é possível que você tenha que fazer ajustes na dieta, a fim de garantir que está  consumindo quantidades adequadas.

Caso você tenha dificuldade para obter pela alimentação tradicional todos os nutrientes de que necessita, seu médico pode indicar suplementos proteicos e vitamínicos.

Além disso, assegurar um sono de qualidade e controlar condições crônicas são passos fundamentais para prevenir a sarcopenia. Um descanso adequado permite a recuperação muscular e a regulação hormonal, enquanto o manejo de doenças como diabetes e problemas cardíacos pode evitar a aceleração da perda muscular.

Igualmente importante é manter uma vida social ativa e cuidar da saúde mental, pois o isolamento social e o estresse podem influenciar negativamente a função muscular e o bem-estar geral.

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A avaliação regular da massa muscular e da força também é indispensável, permitindo a detecção precoce de sinais de sarcopenia e o início de ações preventivas.

Por fim, também é recomendável que você reduza o consumo de bebidas alcoólicas e pare de fumar, pois ambos os hábitos estão relacionados à perda de massa muscular.

Se tiver dúvidas ou precisar de informações adicionais, fique à vontade para entrar em contato conosco! Você pode usar o campo dos comentários ou falar com a médica geriatra Dra. Priscila Pisoli via WhatsApp (11) 97038-3560.